As
doenças ou síndromes raras ou órfãs são aquelas que afetam um pequeno
número de pessoas, em comparação com a população global. Ocorrem com
pouca frequência e por não serem muito conhecidas, o diagnóstico muitas
vezes é feito tardiamente. Em geral são doenças crônicas, degenerativas e
até incapacitantes, afetando progressivamente a qualidade de vida das
pessoas e de suas famílias.
Estima-se que somem cerca de sete mil doenças raras, mas não existem
registros exatos das vítimas. Imagina-se que no mundo 6 a 8% dos
habitantes sejam portadores dessas doenças. A União Europeia registra 24
a 36 milhões de portadores e no Brasil cerca de 15 milhões de pessoas,
sendo 80% delas por fatores genéticos.
“teste do pezinho” pode salvar uma criança
“As origens dessas doenças podem ser hereditárias; mutações genéticas
casuais ou ainda causadas por organismos microscópicos que se
desenvolveram para viver dentro do corpo humano”(1). Uma pequena
alteração no DNA ou um vírus invisível já é o suficiente para causar
anomalia no organismo humano. A triagem neonatal ou o famoso “teste do
pezinho” feito entre o 2º e o 5º dia de vida, pode identificar alguma
doença atribuída às mutações genéticas. Estima-se que uma a cada mil
crianças podem ser portadora desse mal. As mais conhecidas são:
Esclerose Múltipla, Gaucher, MPS ou Doença de Fabry dentre muitas
outras.
Para fazer política de Doenças Raras é preciso menos discurso e mais ação
As doenças raras encontram toda sorte de obstáculos, a começar pela
dificuldade da maioria dos médicos para fechar o diagnóstico e pensar em
um tratamento. São ainda relegadas ao segundo plano, tanto pelos
governos como pela indústria farmacêutica. Para avançar em política
pública para doenças raras é preciso começar mapeando os principais
desafios, a começar por ouvir as demandas dos portadores e de seus
familiares, ouvir os profissionais de saúde que lidam com essas doenças,
capacitar os serviços e dar condições para diagnosticar e, sobretudo,
de tratar. Temos que rever muita coisa e para isso é preciso conhecer a
realidade, ter vontade política e compromisso. Atualmente existem 1141
pesquisas em doenças raras sendo realizadas em vários países no mundo,
enquanto no Brasil, temos apenas 16 estudos clínicos em andamento. É
preciso menos discurso e mais ação por parte do governo.
Para amenizar o problema, pela falta de opção de tratamento,
entidades privadas e órgãos governamentais têm investido em pesquisas
clínicas para a fabricação de produtos biológicos, que são medicamentos
caros, pontuais e desenvolvidos a partir de processos envolvendo
organismos vivos, cuja complexidade para síntese é muito grande. As
dificuldades em fabricar esses produtos biológicos ou biofármacos ou
medicamentos biológicos estão principalmente no custo, na manipulação e
na conservação. Temos tido resultados importantes. Imagino que no futuro
muitos produtos tendam a ser biológicos focados nas necessidades
específicas de cada pessoa.
(1) Fonte: http://saude.hsw.uol.com.br/doencas-raras.htm
Prof. Dra. Greyce Lousana é Bióloga, Médica Veterinária, Mestre em Neurociências e Diretora da INVITARE PESQUISA CLÍNICA. |
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