terça-feira, 30 de setembro de 2014

Lembranças da infância






Lembranças da infância
Época em que
Nem havia vídeo games,

Nem celular,
Nem tanta coisa.
Skate se chamava carrinho de rolemã.
TV só no bar da esquina, e
Quando pedíamos uma tubaína e quatro copos.

A casa
tinha dois cômodos
Com banheiro fora e compartilhado.
Mas tinha jogo de pião.
O meu era todo trabalhado.
Tinha coleção de bolinhas de gude.
Tinha pelada no campinho
quase todo dia.
Tinha estilingue.





O vendedor de quebra queixo
sempre aparecia
em sua bicicleta com guarda sol.
Eu quando tinha dinheiro.
Comprava o pedaço menor mais barato.






O pão era sempre quente.
O leite em vidro retornável.
Nada de máquinas de calcular.
Tinha que conhecer tabuada.
Trânsito não existia.
O trem velho era a condução.
Drops Dulcóra.
Alpargatas.
Calça Topeca.

Minha mãe,
Dona Nina
me deitava no colo,
e acariciava meu cabelo.
Exemplo de pessoa.






Num dia de frio foi comprar leite
e voltou sem blusa.
Ao ser questionada
falou que deu a  uma pessoa.
que não tinha blusa.
E ela tinha várias
que ela mesmo tricotava.

Eu, caçula de três irmãos
ainda peguei a parte melhor.
Minha irmã com dez anos mais
não teve tanta sorte.
Meu irmão do meio
me protegia dos mais velhos.
Por isso, não tinha problemas na rua.
Meu pai Seu Moysés,
às vezes me puxava a orelha.
Mas as vezes me punha sentado nos seus pés
e eu brincava de gangorra.

Na escola
uma vez por semana hino nacional.
Nas salas
alunos de  pé para receber professores.
Caderno de caligrafia.
Aula de canto orfeônico.
Fanfarras que desfilavam no sete de Setembro.
Dinheiro,
Só quando catava ferro velho
E vendia por migalhas.


Dona Maria das cabras
De quem minha mãe, quando podia, comprava leite
Para eu tomar e ficar mais forte.
Brincadeiras de rua
Sem preocupação com bala perdida.
Sem pensar que existiam pedófilos.
Sem pensar em coisa nenhuma.
A não ser brincar na rua.

Meu pai arrumou um segundo emprego
e conseguiu comprar um terreno
com seis metros de frente.
Numa rua estreita
Chamada Particular.
Com esforço imenso
Construiu uma mansão,
Que tinha até banheiro dentro
Dois quartos
E até sala.
A vida melhorou um pouco.

Minha irmã começou trabalhar.
Compramos até televisão.
E meu pai comprou um fusquinha verde.

Lembranças de infância.As vizinhas
Dona Rosa, a bunduda.
Dona Elza, a magricela.
Dona Josefina, a fofoqueira.
O dia a dia em casa
Brigas da mãe com o pai.
Que me enchia de medo
De perder um ou outro.

Booling, nem sabia que existia
Mas sofria um pouco na escola
Devido a problemas de dicção
Que fazia trocar R por L
E falar rato com som de “lato”
Muita coisa foi embora

Ficou a saudade
Ficou o ensinamento
Ficou cada momento
Gravado no coração

Muita coisa não mudou.
Políticos pilantras.
Egoísmo do ser humano.
O céu azul.
A esperança e o
O desejo de um amanhã melhor.

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