sábado, 24 de abril de 2010

A violência contra os animais - por Paulo Antônio de Almeida Bastos

Fonte : http://www.europanet.com.br/site/index.php?cat_id=1109&pag_id=15770


Assistimos hoje a violência campeando em todo o mundo. No entanto, muitos tentam entender o fenômeno e se perguntam "de onde vem tanta violência?", mas, para mim, o ponto central não é nem sequer citado como causa: a violência imposta aos animais.

Do nascimento à torturada e triste vida, culminando no abate beirando a irracionalidade, perversidade e crueldade do “bondoso” e “generoso” ser humano, há mostras do "respeito" que este nutre ao seu irmão menor e por toda a Natureza. De tanto torturarmos esses pobres coitados, que sentem tantas dores quanto nós, "superiores" (em guerra, destruição, seqüestro, assassinatos, fofocas...), vamos banalizando a violência. Se não nos sensibilizamos com os seus gritos e suas dores, vamos levando essa mesma violência para os mais fracos de nossa sociedade - as crianças, mulheres e idosos.

Com o ciclo vicioso de torturar, matar, castrar, retirar chifres, ferrar, marcar (tudo sem anestesia) vamos nos tornando insensíveis. Assim, com o nosso latente instinto assassino, estupramos e matamos crianças e mulheres. Os velhos, fracos e doentes, atacamos facilmente. A um homem forte, usamos a emboscada, a pólvora ou a faca. Os choros de desesperos de nossos pares não nos comovem, já que isso é algo com que lidamos, mesmo que indiretamente, milhões de vezes ao dia com os animais “irracionais”. Relacionemos essa violência ao consumo sôfrego e desenfreado de corpos inertes e em decomposição, que foram duramente castigados durante quase toda sua vida. Na hora de sua morte tiveram ainda mais dor, sofrimento e agonia. Isso é passado para a carne e nos “alimentamos” dessas energias deletérias. Como vamos querer nos portar com ternura, se o que comemos é puro sofrimento?

É uma violência sem qualquer propósito, haja vista que não existe "boi feliz", vitelo bem tratado, ganso com boa vida e qualquer tratamento digno aos outros animais que servem de bife ao ser humano. Sem falar que não precisamos mais comer cadáver, devido à grande variedade de alimentos saudáveis. A indústria da carne é crudelíssima e todos que a alimentam são também os grandes culpados. A alegação de que "comer carne é coisa de Deus, pois desde que o mundo é mundo se come carne" não procede, pois, se fosse assim, guerra também é coisa de Deus, pois desde os primórdios guerreamos.

Mas é mais fácil, devido à nossa hipocrisia, não querer nem ouvir falar sobre isso para não termos sentimento de culpa, não sermos responsabilizados e não termos que pensar no problema. Assim, com essa amnésia conveniente, continuaremos a dar vazão ao nosso "fino" paladar. “Eu não mato os animais”, é muito cômodo. Mas se alguém paga um outro para cometer um crime contra um ser humano, esse que pagou não é tanto ou mais culpado? Por que, então, com os animais é diferente para quem financia a sua morte? Como bem lembrou Paul McCartney, "se os abatedouros tivessem paredes de vidros, poucos comeriam carne".

Se não pararmos de matar e consumir os pobres inocentes e sencientes seres, teremos ainda mais violência, já que, para a criação dos mesmos, o meio ambiente é assaz agredido - queimadas para formar pasto, queimadas para se produzir grãos destinados, em sua maioria, aos animais, e queimadas para se produzir carvão para queimar os bichos. Isso faz com que o mundo perca seus recursos naturais e a sua biodiversidade. Logo, logo, depararemos com mais violência ao disputarmos estes mesmos recursos que destruímos.

A maior insensatez é que gastamos muitos insumos com a alimentação dos bichos - água, agrotóxicos, adubos, sementes, terra desmatada e outros valores que vão se agregando ao produto carne -, mas uma grande parcela da população mundial não terá acesso a esse “alimento” e continuará a morrer de fome. Não seria mais inteligente darmos diretamente os grãos a quem tem fome? Sem falar que um boi come, destrói e ocupa muito mais espaço do que um humano. Quanto aos seus excrementos, só a produção de bois nos EUA produz cerca de 140 vezes mais que toda a população mundial. Para onde eles vão? Para os rios, em sua grande maioria, fazendo com que a água que deveria ser um fator de saúde passe a ser de doença. Vamos desmatando nossas florestas para que outros países ainda possam manter a sua pouca cobertura vegetal.

Em vez de bois, agricultura orgânica isenta de agrotóxicos, gerando empregos e saúde. Por termos pressa na engorda de animais, temos que apressar a produção de alimentos. Aí usamos transgênicos, que causam alergias e outras enfermidades.

Teremos um mundo muito mais sujo, sem água e sem alimentos, muito em função da destruição gerada pela criação de animais. E muito doente, com mais câncer, gota, enfarto, colesterol alto, depressão... e violência. Se hoje os bichos são apenas objetos para muitos (haja vista a vaca que produzia 5 litros de leite e hoje produz 50, devido ao poder de hormônios e antibióticos), notemos que os escravos há pouco mais de 100 anos também não eram considerados humanos, inclusive, eram desprovidos de almas. E por falar em escravos, o agronegócio da carne é o que mais mantém mão-de-obra escrava, além de favorecer, enormemente, o aumento do desemprego, êxodo rural e, conseqüentemente, a formação de favelas. É ou não é um ingrediente a mais para termos mais e mais violência? Sem falar na concentração de renda, que gera ainda mais distúrbios sociais.

Já acabamos com a Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Agora estamos destruindo a Amazônia. O mais hipócrita é que muitos se preocupam com a destruição desta enorme floresta, mas a carne oriunda de lá está no nosso prato de cada dia. Outra hipocrisia é ecologista defender floresta e comer carne.

Sugiro que se divulge como vivem e morrem hoje os animais, como são fabricados os caldos de galinha (pintinhos machos ou os mais fracos e doentes recém-nascidos, triturados vivos), como são feitas as rações, lingüiças e salsichas (muitas vezes com pedaços do bicho doente), como transformaram os animais em máquinas, que muito sofrem para se extrair estrogênio, leite e ovos e como essa atividade polui e destrói tudo que existe no meio ambiente. Procurem saber, ainda, como é produzido o estrogênio oriundo das éguas. O Premarin, por exemplo, muito utilizado pelas mulheres. Quanta tortura! O que é dado aos animais para agüentar tanto sofrimento e doenças, que consumismo por “tabela”?

Outros pontos: por que será que a carne nos açougues continua vermelha em vez de azul, já que as enzimas putrecina e cadaverina já estão fazendo o seu trabalho de putrefação? Devido ao conservante/corante avermelhado e cancerígeno, que está proibido em várias partes do mundo e é liberadíssimo aqui no Terceiro Mundo. Por que a geração de humanos atual está mais alta do que a anterior? Será só devido à genética ou pelo fato do excesso de hormônios dados aos animais? Por que a indústria da carne não mostra os seus bastidores?

Um agricultor consciente adoraria que mais pessoas fossem ver a produção de suas hortaliças, local, inclusive, excelente para um passeio com os filhos. E nos matadouros, deveremos também passear com os nossos rebentos, já que, afinal, é o local de onde retiramos a nossa “alimentação”?

Despertem, pessoal!

Um comentário:

JUSSARA disse...

Concordo plenamente c vc... mas eu tenho a sensação de q as pessoas ñ nos ouve... sinto um profundo desgosto qdo veja uma quitanda quase vazia e filas enormes nos açouges, a mesma angústia me dá qdo passo em frente as churrasquarias... o pior é q parece q nada adianta,pois ñ temos respaldo das Autoridades...gostaria q tivesse uma Lei definitiva p acabar c os abatedouros,ñ aguento essas matanças... desculpe o desabafo,mas estou desanimada c as Leis de Proteção aos Animais, onde os assassinos pagam fianças e continuam matando!