Diferente
dos países desenvolvidos onde a principal fonte de sódio são os
alimentos industrializados, a maior fonte de sódio do brasileiro é o sal
de cozinha. A população brasileira consome duas vezes e meia mais sal
do que o limite orientado, segundo dados da Organização Mundial da
Saúde.
A nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, Cintya Bassi
esclarece as principais dúvidas sobre o sal. “O sódio é um mineral
considerado essencial para o bom funcionamento do organismo, ligado a
manutenção do equilíbrio de distribuição da água corporal, no equilíbrio
osmótico e ácido-base e no transporte de moléculas”. A profissional
afirma que o prejudicial ao organismo é o consumo excessivo de sal, pois
o abuso do sódio proporciona o aumento da pressão arterial, doenças
renais e cardiovasculares, além de interferir na absorção de
micronutrientes como o cálcio.
É importante lembrar que o sal de adição (adicionado por cada pessoa nos
alimentos) constitui apenas 25% do tempero consumido, e o brasileiro
consome em média 11,75g diariamente, valor bem acima da recomendação
médica. “Alguns alimentos, especialmente os industrializados, possuem
muito sódio e normalmente tem relação com esse consumo aumentado de sal,
por isso devemos controlar esses alimentos na dieta” . Ela orienta que o
importante é não cortá-lo totalmente da dieta e sim consumi-lo de forma
consciente. “O sal não deve ser eliminado da dieta e sim consumido com
parcimônia, isso porque sua ausência no organismo também acarreta
problemas como hipotensão, confusão mental, náuseas, vômito e fraqueza”.
A pressão arterial é uma doença de alta prevalência e com grande
associação ao excesso de sal na dieta, isso acontece porque quando
ocorre o consumo de grandes quantidades de sódio ele é absorvido pelo
intestino e vai para o sangue, a água do corpo é sugada para os vasos e o
organismo na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar o fluxo,
aumenta a pressão sanguínea. Os vasos sanguíneos reagem e se contraem
para reduzir o fluxo, porém o bombeamento continua intenso. “Consequente
a este problema, podem surgir outros diversos, como infarto, AVC,
insuficiência renal e arritmia cardíaca” esclarece a profissional.
Para indivíduos hipertensos, alguns cuidados são importantes para
alcançar o controle, como diminuir a ingestão do sal de adição. A
nutricionista orienta que os alimentos, sejam preparados sem o acréscimo
do tempero e que ele seja adicionado após o prato pronto, é importante
reduzir o consumo de sal para cerca de 4g de sal (aproximadamente uma
colher rasa de café) e em casos mais severos para 2g de sal ao dia,
“Além disso, também é necessário mudar hábitos alimentares, substituindo
os temperos industrializados pelo natural como alho, cebola, limão
etc., e evitar o consumo de alimentos como enlatados e conservas
preferindo sua forma in natura, frios e embutidos, queijos amarelos,
carnes defumadas, salgadinhos e pratos prontos”, orienta a
nutricionista.
Existem alimentos que podem contribuir para a redução da hipertensão, o
alho é um deles, pois uma substância chamada alicina, parece estar
associada a melhor elasticidade dos vasos sanguíneos, melhorando a
circulação, os bioflavonóides - encontrados na uva e na soja, possuem
antioxidantes e auxilia o relaxamento dos vasos, alimentos fontes de
fibras como aveia, pães e arroz integral, reduzem as taxas de colesterol
e pressão arterial entre outros. Realizar um acompanhamento médico e
nutricional é a melhor maneira de amenizar o sofrimento nessa fase e
recuperar a saúde.
A OMS determina que o consumo de sal pelas crianças acima de dois anos,
não deve ultrapassar 5g ao dia, porém um estudo recente apontou que a
hipertensão arterial do adulto, constantemente tem origem na infância e
um dos condicionantes são os maus hábitos alimentares empregados cada
vez com maior rapidez e intensidade. “Quanto mais exposta ao sal, maior
será a predileção da criança por alimentos salgados durante a vida, por
isso é fundamental a formação de bons hábitos. Crianças costumam gostar
de alimentos prontos, mas para se ter uma ideia uma porção de macarrão
instantâneo sem acréscimo de tempero possui em média 2g de sódio, 100gr
de frango empanado pronto 0,5g e uma unidade de hambúrguer 700mg”,
orienta a nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão. Para
estimular a mudança de hábitos, ainda em 2013 entra em vigor uma
determinação do Ministério da Saúde, que determina a redução de sódio
nos alimentos processados no Brasil.
Para quem busca mudar sua alimentação e diminuir o consumo de sal é
importante ressaltar que as papilas gustativas se adaptam facilmente aos
alimentos salgados, por isso acostumar-se com uma dieta com teor
reduzido de sal, pode demorar até três meses. “Os alimentos de origem
animal também são fontes de sódio, porém em menor quantidade, é o caso
dos queijos, leite e carnes e os alimentos de origem vegetal apresentam
baixa quantidade de sódio, sendo praticamente inexistente nas frutas e
escasso em cereais e leguminosas”, finaliza a profissional do São
Cristóvão.
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